terça-feira, 17 de agosto de 2021

PROFESSORES DO LICEU (5)


9 - Mons. Manuel Amorim

A minha evocação

O Mons. Manuel Amorim, que só veio para o Liceu em 1991, dois anos após ele mudar de nome, para Escola Secundária de Eça de Queirós, era cerca de 20 anos mais velho que eu; ensinou lá até 2000; convivi longamente com ele, pois era de conversa agradável e culta, e todos, jovens ou de mais idade, sentiam prazer em ouvi-lo.

Durante anos, escrevemos para o mesmo jornal, O Notícias da Póvoa de Varzim; na Escola colaborámos nuns colóquios que lá promovi e a que ele deu oportuna e sábia participação (colaboraram também a Prof.ª Conceição Nogueira e o Prof. António Azevedo). Alguns dos temas foram depois apresentados na Filantrópica.

Em 2001, ele falou de “O Dr. Sacra Família – um pedagogo poveiro miguelista”.

Um outro tema que o Monsenhor tratou foi o das origens da Póvoa e do senhorio que sobre ela deteve D. Afonso Sanches, fundador do Mosteiro de Santa Clara de Vila do Conde, tema que desenvolve na sua Póvoa Antiga.

 O Mons. Manuel Amorim escrevia muito bem, com graça e com leveza; e tinha prazer em falar. Sobre isto paga a pena lembrar o que lhe ouvi uma vez na Casa da Memória da Póvoa: contava ele que, ao tempo em que passara pela Câmara da Póvoa de Varzim, quando precisava de alguém para uma intervenção cultural pública, se dirigia sempre a certo poveiro. Um dia, agradecia-lhe o Monsenhor a disponibilidade quando ele retorquiu: “Isto é como uma doença: cura-se falando”. O dito podia sem dúvida aplicar-se ao Monsenhor.

 

Mons. Manuel Amorim.

Biografia

Servindo-me dum texto que vem na última edição de A Póvoa Antiga, vou apresentar uma breve biografia e a lista das obras do Monsenhor. À biografia e à lista vão ser feitos alguns acertos e acrescentos.

O seu nome completo era Manuel José Gomes da Costa Amorim e nasceu em 23 de Setembro de 1930 no lugar da Giesteira, Póvoa de Varzim. Frequentou a Escola Primária do Conde de Ferreira no Largo das Dores. Em 1941 ingressou nos seminários Diocesanos de Braga, onde se ordenou sacerdote em 15 de Agosto de 1953. Iniciou a carreira eclesiástica como coadjutor do Pároco de Fafe, sendo em Setembro de 1954 nomeado Pároco de Touguinha e Argivai, do Arciprestado de Vila do Conde e Póvoa de Varzim, e transferido para a Paróquia de Beiriz, do mesmo arciprestado, em Outubro de 1956; aí se manteve ao serviço como pároco até ao seu falecimento. Entre 1993 e 1998 exerceu o cargo de Arcipreste e em Agosto de 1995, por proposta do Arcebispo de Braga, foi aceite entre o número dos capelães do Papa João Paulo II, donde lhe adveio a dignidade de Monsenhor.

Em Outubro de 1954 foi nomeado professor de Educação Moral e Religiosa Católica para a Escola Secundária de Rocha Peixoto e aí continuou até 1976, ano em que suspendeu a actividade lectiva. Por convite dos Superiores hierárquicos voltou ao ensino em 1983, leccionando na mesma área, agora na Escola Secundária de José Régio, de Vila do Conde. Em 1985 regressa à Escola Secundária de Rocha Peixoto e em 1990 concorre à vaga de efectivo na Escola Secundária de Eça de Queirós, da Póvoa de Varzim, donde se aposentou no ano 2000.

Prestou à Comunidade Poveira outros serviços, desde dirigente desportivo – Varzim Sport Club, nas épocas de 1962-63 –, passando pelo serviço autárquico, como Vereador do Pelouro da Cultura entre 1964-67, até Presidente da Assembleia-Geral da Cooperativa Agrícola e Leiteira da Póvoa de Varzim na década de 70.

Ainda nos anos cinquenta aparece na imprensa como noticiarista, mas é após a sua passagem pela Câmara que vai dedicar-se à investigação da história local: publica na imprensa os primeiros frutos desse labor e colabora assiduamente no Boletim Cultural que a Câmara da Póvoa de Varzim, por sua iniciativa, em 1964, passou a reeditar sob a direcção do Dr. Flávio Gonçalves, depois de vários anos suspenso. Com a morte de Flávio Gonçalves (1987) tomou, por convite da Câmara, a direcção daquela revista, que manteve, regularmente, a sua publicação até ao presente.

Exprimindo a gratidão pelos múltiplos serviços que, como autarca, professor e investigador da história local, prestou à Póvoa de Varzim e ao seu concelho, a Câmara Municipal deliberou atribuir ao Mons. Manuel Amorim, em 24 de Junho de 1995, a Medalha de Reconhecimento Poveiro.

Faleceu em 7 de Maio de 2006.

 

A obra mais notável do Mons. Manuel Amorim será porventura o sábio livro Póvoa Antiga.

 

Obra

 

No Boletim Cultural, o Monsenhor desenvolveu pelo menos os seguintes temas:

1969-72 - «Duzentos e cinquenta anos da vida da freguesia de Santa Eulália de Beiriz».

1973 - «Os Bonitos de Amorim. Primeiro capítulo da história de uma família benemérita».

1973-74 - «A Vila de Rates no século XVIII».

1980 - «Sobre a condição de poveiro atribuída a um Bispo de S. Paulo».

1981 - «Um emigrante de Beiriz fundador da cidade de Icinha (Espírito Santo - Brasil)».

1984 - «Uma pendência entre a Madre Abadessa de Vila do Conde e os Comerciantes da salga da Póvoa de Varzim».

1987- «O caderno de Alves Anjo (1822-1830). Subsídios para a história do nosso Hospital».

1989 - «Flávio Gonçalves, historiador poveiro».

1990 - «Amador Álvares, piloto da carreira das Índias».

1991- «Camilo e Sena Freitas. Uma amizade que a Póvoa viu nascer».

1992 - «A Companhia de Jesus na Póvoa de Varzim – I».

1993 - «Os antigos Paços do Concelho da Póvoa de Varzim».

1994 - «As Visitações à Paróquia de S. Pedro de Rates».

1995 - «O Nascimento e o Baptismo de Eça de Queirós».

1996-1997 - «A Companhia de Jesus na Póvoa de Varzim – II».

2000-01 - «As anotações às “Correcções da História Local” de Fernando Barbosa».

2002 - «A Companhia de Jesus na Póvoa de Varzim» e «O Culto Mariano no Arciprestado de Vila do Conde e Póvoa de Varzim».

2003 - «A Vila de Rates no tempo de Tomé de Sousa».

 

Para além destes trabalhos, que nalguns casos saíram depois em volume, registam-se outros editados em revistas ou por iniciativa particular. Deles se destacam:

 

1972 - «A Igreja Paroquial de Beiriz. Notícia histórica comemorativa do seu 1º Centenário (1872-1972)».

1978 - «As últimas obras do mosteiro de S. Simão da Junqueira».

1977 - «Apontamentos para a história da nossa Corporação de Bombeiros».

1983 - «Aver-O-Mar e a sua Igreja».

1987 – «Confraria de Nossa Senhora do Rosário. Memória do tricentenário (1686-1986)».

1988 - «A antiga Colegiada de Vila do Conde».

1989 - «A Paróquia e os Párocos de Santa Maria de Terroso».

1990 - «S. João Baptista, uma devoção de Camilo?»

1995 - «O Concelho da Póvoa de Varzim. Freguesias. Súmulas».

1985 - «A Póvoa Antiga. Dois estudos sobre a Póvoa de Varzim, Séc. X-XVI».

 

Nestas listas não se contêm os muitos artigos que publicou na imprensa poveira e no jornal paroquial de Beiriz.

 Em 2003, foram editados dois livros seus, o longo estudo A Póvoa Antiga. Estudos sobre a Póvoa de Varzim, séculos X-XVI e O Culto Mariano no Arciprestado de Vila do Conde e Póvoa de Varzim.


10 - Pe. João Francisco Marques

Conhecemos o Pe. João Francisco Marques (1929-2015), professor laureado da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que antes ensinou no Liceu da Póvoa de Varzim. Ouvimos-lhe várias conferências e conversámos com ele particularmente umas três ou quatro vezes. Ouvimos também sacerdotes que sobre ele se pronunciaram, alguns seus contemporâneos.

De tudo isto, formámos sobre este sacerdote uma opinião bastante negativa.

Alguns anos antes de falecer, já tínhamos decidido não o voltar ouvir, tal o desencontro entre o que ele afirmava e o que pensávamos. Era o caso principalmente do que ele explanava sobre António dos Santos Graça, que consideramos um republicano fanático, perseguidor da Igreja na Póvoa e inimigo da liberdade, e que o Pe. João Marques exaltava. Mas escandalizámo-nos com outras afirmações dele.

Por isso, optámos por reduzir a este mínimo as considerações que lhe dedicámos.

 

11 - José Ferreira, o autor deste blogue

José Ferreira nasceu em Monte de Fralães, Barcelos, em  1949; veio viver para a Póvoa de Varzim em 1977.  No ano seguinte, ingressou no quadro de professores do Liceu; reformou-se em 1911.

Na sua acção como professor, destaca-se a publicação dum opúsculo auxiliar para a disciplina de Português e os muitos apontamentos impressos que fornecia aos alunos.

Encontram-se aqui algumas amostras: http://port10ano-eq-jf.blogspot.com/

Dentre os escritos que colocou em linha, salienta-se um, muito crítico do Memorial do Convento, de José Saramago, que um dia alguém infectou com um malware que o tornou ilegível. Pode-se ler aqui: http://meconvverdhist.blogspot.com/2010/05/blog-post_9770.html

Veja-se aqui o seu estudo sobre o Suave Milagre.

Veja-se ainda:

Sobre o Auto da Barca do Infernohttps://abigvicente.blogspot.com/

Sobra Os Lusíadas: https://leit2.blogspot.com/

Sobre o Sermão de Santo António aos Peixeshttps://sermaopeixes.blogspot.com/

Publicou cerca de vinte pequenos livros (uma média de 220 páginas cada) sobre vários temas.

Colaborou com vários intelectuais estrangeiros: com a italiana Eugénia Signorile, professora do Liceu Beccaria, de Milão, com o escritor inglês Kevin Rowles e a produtora cinematográfica Bernadette Bevans, também inglesa, com o escritor de origem neozelandesa Leo Madigan, com o investigador espanhol Manuel López Fernández, etc. Colaborou também com o açoriano Afonso Rocha, membro da Academia de Reims.

Interveio com frequência na imprensa falada e escrita.



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